Tecnologia, frevo e bolo de rolo
O ano está acabando e eu gostaria de fechá-lo com uma coluna que mostrasse que existe um Brasil que dá muito certo nas fronteiras da…
O ano está acabando e eu gostaria de fechá-lo com uma coluna que mostrasse que existe um Brasil que dá muito certo nas fronteiras da tecnologia e do desenvolvimento
Meu presente de Natal veio adiantado neste ano. No meio do ano, fui convidado para fazer parte do conselho de diretores do C.E.S.A.R., o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife. Como um bom nerd e um estudante de Engenharia da Computação razoável, sempre acompanhei as histórias sobre o que uma turma de engenheiros, cientistas, designers e educadores aprontavam lá em Recife. Prêmios em Olimpíadas de Robótica, desenvolvimento de produtos e serviços para as principais empresas de tecnologia do mundo e, o principal, a multiplicação do conhecimento em tecnologias da informação, comunicação e design através dos profissionais que passaram ali. Porém, para quem não é da área, ou não mora por ali, esta história não é tão conhecida. Devia!
Na engenharia, costumamos dizer que não é uma única falha que derruba um avião. Vou ousar e dizer que, neste caso, também não é uma única peça boa que coloca em um foguete em orbita. O C.E.S.A.R. faz parte de um ecossistema incrível que começou a ser criado em Recife nos anos 2000, o Porto Digital de Recife. Criado em parceria entre o Governo do Estado e a iniciativa privada, o Porto Digital, nasceu no centro histórico de Recife e ajudou a transformar uma região degrada num vibrante ecossistema de inovação, com um sincretismo que só poderia existir no Brasil. Prédios históricos renovados abrigam mais de 340 instituições ligadas à tecnologia.
Grandes empresas, startups, centros de pesquisa e escolas. Tudo conectado ao universo da tecnologia e da economia criativa e mostrando que políticas públicas para o desenvolvimento tecnológico podem dar certo sim!
Não bastasse, e de olho nos desafios do futuro, a educação nas áreas correlatas é um foco na região. Já escrevi por aqui da importância de formarmos mais profissionais da áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática — ou como dizem lá fora, a sigla STEM (Science Technology Engineering and Mathematics). Recife é a capital com o maior número per capita de alunos cursando cursos superiores de computação no país. Um estudante de computação para cada 346 habitantes. É mais do que o dobro da densidade em São Paulo e quase o triplo do Rio de Janeiro. Pelo jeito, vamos ter tecnologia como tradição junto do Frevo e do Bolo de Rolo.
O ano está acabando e eu gostaria de fechá-lo com uma coluna que mostrasse que existe um Brasil que dá muito certo nas fronteiras da tecnologia e do desenvolvimento. Espero que em 2020 este tipo de história seja mais comum e faça mais parte do nosso Brasil.
Boas festas!
Artigo publicado originalmente na coluna do Manoel Lemos na edição de 25 de Dezembro de 2019 do Estadão e republicado aqui com a autorização do mesmo. Clique aqui para ler o artigo original.