Precisamos de casas inteligentes!
A tecnologia já inundou nossas casa, mas por que elas ainda são tão pouco inteligentes?
A tecnologia já inundou nossas casa, mas por que elas ainda são tão pouco inteligentes?
Ontem a noite, depois de chegar do trabalho, conversar com minha esposa e brincar com minhas filhas, fui para meu escritório para fazer algumas coisas. Ao entrar no escritório e me conectar a meu computador, as luzes automaticamente, se acenderam de acordo com minha preferência para aquele horário. Fique feliz que tudo funcionou e comecei a checar as mensagens que recebi durante o início da noite.
Parece coisa de uma casa super sofisticada e cara, mas era na verdade o resultado de algumas noites não dormidas onde integrei o sistema de iluminação de meu novo apartamento com os computadores da casa. Algo bem simples, na realidade! Mas quando percebi que isto poderia mesmo funcionar fiquei chateado de não ter instalado o sistema de automação no apartamento todo, por razões financeiras, é claro. O interessante é que agora posso perceber a diferença de eficiência entre o lado da casa que está automatizado e o que não está. Luzes que ficam ligadas sem necessidade, ar-condicionado funcionando sem que ninguém perceba e a falta de praticidade em atividades corriqueiras como ter que me levantar da cama, já quase dormindo, porque percebi que uma luz ficou acesa no corredor.
Além das questões práticas, a questão energética fica cada vez mais patente. O consumo de energia tem aumentado cada vez mais em nossas vidas com mais equipamentos eletrônicos e o desperdício, com certeza, aumenta junto. O resultado vem na conta de luz no final do mês e, de mês em mês, é possível sentir os efeitos no bolso. Mas a coisa não para por ai, há algumas semanas minha esposa entrou no quarto e me deu uma bela bronca, pois deixei o fogão ligado por horas sem nenhuma panela nele. E, de novo, não pude deixar de pensar nos ganhos com segurança com uma casa mais inteligente. E com
duas crianças pequenas em casa, isto tudo fica ainda mais gritante.
É claro que existe uma infinidade de soluções de automação que prometem entregar casas inteligentes para quem puder gastar uma pequena fortuna em equipamentos e instalação, mas tenho minhas dúvidas se precisaria mesmo ser assim.
Se olharmos com atenção para nossas salas e quartos, perceberemos que estamos rodeados por tecnologia em nossos televisores, video-games, equipamentos de som, telefones, etc. Com certeza, estes equipamentos têm capacidade computacional de sobra para realizar atividades simples como tornar uma casa um pouco mais inteligente. E mais! O custo para se
adicionar pequenos micro controladores a outros equipamentos e eletrodomésticos pode ficar na casa dos alguns poucos reais. Mas isto apenas não bastaria, seria preciso que estes diversos equipamentos pudessem conversar uns com os outros. Ué, mas isto também não é um problema tão grande com a ubiquidade das redes WiFi e com uma gama enorme de outras tecnologias com ou sem fios que já são bem acessíveis. Uma delas é chamada de ZigBee e ela permite que dispositivos se comuniquem através de
redes sem fio de maneira bem inteligente e econômica do ponto de vista energético.
Bom, mas o que ainda está faltando? Para que tudo funcione bem é preciso que os diversos elementos desta rede da casa inteligente se integrem e possam conversar numa língua comum e de uma maneira bem simples, tão simples quanto é plugar um liqüidificador na rede elétrica. Para isto precisamos de padrões de integração. É preciso que os fabricantes adotem os mesmos padrões para que a conversa possa acontecer entre diferentes equipamentos de diferentes fabricantes, mas que a rede seja democrática, aberta e “hackeável”. Aberta e “hackeável”? Sim, pois mesmo que todo seja
controlável e esteja perfeitamente integrado ainda não conseguiremos ter as casas mais inteligentes se não existirem softwares que orquestrem todas as atividades de acordo com as necessidades dos moradores daquela casa, os usuários. E como cada família tem seu jeito de funcionar, suas regras, seus horários e suas manias, é impossível que poucas soluções desenvolvidas por outras poucas empresas resolvam o problema de todo mundo. Porém, com tecnologias abertas podemos deixar que, aos poucos, usuários mais
avançados, estudantes e fuçadores em geral criem as soluções mais customizadas e que atendam a um número cada vez maior de pessoas.
É claro, todos os equipamentos, a mão de obra e a manutenção podem sair um pouco mais caros. Mas a economia pode vir de outros lugares como sua conta de luz, gás e no tempo que, eu espero, que seja liberado para passarmos mais tempo com nossas famílias. E ai, o que você gostaria de que sua casa fizesse para você?
PS:. Nos próximos meses, se minhas filhas deixarem, pretendo evoluir minhas aventuras rumo a uma casa inteligente integrando o controle dos ares condicionados e o monitoramento do consumo de energia.
Artigo publicado originalmente na edição de Abril de 2013 da Revista INFO e republicado aqui com a permissão da Editora Abril.