O que você faz com seus dados?
Big Data já é um termo batido. Cientistas de Dados são disputados a tapas no mercado de trabalho. Mas fica cada vez mais claro que as…
Big Data já é um termo batido. Cientistas de Dados são disputados a tapas no mercado de trabalho. Mas fica cada vez mais claro que as maravilhas do mundo orientado a dados não será entregue por TI e o desafio é o mindset dentro das empresas e dos profissionais de todos os níveis.
Você já deve ter participado de alguma reunião onde alguém disparou uma série de termos ligados o mundo dos dados: big data, nuvem, algoritmos, aprendizado de máquina, modelos preditivos, hadoop, map-reduce, etc. Bom, se você não entendeu nada, não se preocupe, é bem provável que a pessoa que falou também não faz tão bom uso de toda esta tecnologia.
A promessa que veio com o hype do Big Data foi a de que as empresas que adotassem esta tecnologia conseguiram insights fantásticos sobre seus negócios, aprimorariam de maneira brutal seus processos de tomada de decisão e, como consequencia, atingiriam resultados cada vez melhores. Eu mesmo falei disto aqui na coluna há 2 anos. Milhões de dólares em investimentos depois, muitas das empresas que abraçaram o Big Data não conseguiram tirar muito proveito de seus esforços. A razão está numa única palavra: cultura.
Veja, não estou dizendo que Big Data, ou o mundo orientado a dados, não veio para ficar ou que não é tão poderoso assim. O ponto é que para tirar proveito de toda esta revolução é preciso muito mais do que investimentos em TI e bons cérebros em sua folha de pagamento. Desde que Big Data apareceu no mapa de buzzwords do mundo corporativo, os gigantes da tecnologia correram para comprar startups ligadas ao assunto, montar seus portfolios de produtos e começar o pitch de vendas. Mas a questão em TI é bem simples, as tecnologias de Big Data não passam de ferramentas, muitas já velhas conhecidas de profissionais de TI e de acadêmicos das áreas de computação, matemática e estatística. Mesmo que elas sejam bem pilotadas pelos profissionais de TI das empresas isto não garante os benefícios do Big Data. A proximidade com as áreas de negócios é fundamental. São elas, em última instância, que conhecem os problemas que merecem ser resolvidos. Porém, nem sempre esta conversa acontece de verdade e ela fica travada no paradigma de prestação de serviço que acaba distanciando ainda mais as áreas.
No lado dos negócios a questão é ainda mais profunda. Historicamente as empresas trabalham muito pouco orientadas a dados e a realidade é que elas fazem pouco uso dos dados que já possuem. É comum encontrarmos áreas ou pessoas responsáveis por cuidar dos dados e relatórios de um departamento ou de toda a empresa. Também comum é a paralisia justificada pela falta de ferramentas, de mais dados ou de dados melhores. E quem é que nunca participou de uma reunião onde cada participante utilizava uma fonte de dados diferentes. Todos estes fatores são indicadores de empresas bastante imaturas ao lidar com dados e a tomar decisões de maneira mais pragmática com base em análises e informações confiáveis. Neste estado, não importam o tamanho de seu investimento em ferramentas, a qualidade de sua equipe de TI e os currículos de seus PhDs, o Big Data deixará a desejar. É preciso trabalhar no filé com fritas antes de tentar o strogonoff.
Por fim, a mudança mais difícil e mais transformadora é a de trazer a cultura de orientação a dados para todos os níveis da empresa. Tanto que as empresas que tem tirado o melhor proveito desta incrível tecnologia são as empresas que já trabalhavam com uma cultura de tomada de decisão baseado em dados e na coleta de evidências objetivas para suportar suas escolhas. E nestas podemos identificar uma característica fundamental e que acredito ser a mais crítica de todas elas: a capacidade de fechar rapidamente o loop entre os dados e as ações e de iterar sobre ele. Este instinto das empresas realmente orientadas a dados é o que torna real os ganhos com Big Data. A idéia é simples, mas extremamente poderosa. Se você tem um insight de algo pode funcionar melhor, a melhor maneira de saber se isto é verdade é agindo e testando. Se for verdade, o ganho já está garantido. Se não for, é hora de voltar para os dados e encontrar outro insight e fazer outros testes. Desta maneira, incondicionalmente, a única consequência é a de ficar cada vez melhor. Então, da próxima vez que pensar sobre Big Data, não pense, aja!
Artigo publicado originalmente na edição de Abril de 2014 da Revista INFO e republicado aqui com a permissão da Editora Abril.