Não existe mais o ‘business as usual'
As mudanças seguem seu rumo, empoderadas pela tecnologia e pela constante mudança no comportamento dos consumidores em busca de serviços…
As mudanças seguem seu rumo, empoderadas pela tecnologia e pela constante mudança no comportamento dos consumidores em busca de serviços mais eficientes, baratos, simples, justos, transparentes e personalizados
Um assunto comum, hoje em dia, em reuniões de conselho e da alta liderança de empresas de todos os segmentos é o de como se adequar à nova realidade em que vivemos desde a chegada da internet. Transformação digital é o jargão do momento nas apresentações das consultorias e em eventos badalados. No fundo, o que todos buscam é uma forma de se manterem relevantes e competitivos hoje em dia. Não é simples: ocorre hoje uma transformação brutal na maneira de fazer negócios e no comportamento dos consumidores, graças a chegada de maneira massiva e pervasiva de muitas soluções tecnológicas.
Não faltam exemplos de ruptura tecnológica. Estamos vendo a indústria da mídia sofrendo bastante na briga com as plataformas digitais globais e as redes sociais. A mobilidade urbana e a indústria alimentícia nunca mais serão as mesmas depois dos aplicativos. E os bancos se veem desafiados por centenas de startups, as fintechs, em cada uma de suas linhas de serviços. O que é mais interessante é que, muitas vezes, os exemplos de quem se deu mal com este processo são, sistematicamente, ignorados por indústrias que ainda não sofreram impactos tão fortes. Alguns acreditam que seu porte os deixará imunes, outros que a regulação impedirá o avanço da inovação e alguns esperam, e até acreditam, que as novas iniciativas irão falhar e que “esta onda passará”.
Mas a realidade é bem diferente. As mudanças seguem seu rumo, empoderadas pela tecnologia e pela constante mudança no comportamento dos consumidores em busca de serviços mais eficientes, baratos, simples, justos, transparentes e personalizados. Se uma iniciativa falha — e muitas falham –, ela serve de aprendizado para outras iniciativas que exploram novos caminhos. Como tudo é construído em cima de infraestruturas tecnológicas mais modernas e eficientes, as novas iniciativas andam ainda mais rápido.
Quando esta dinâmica é percebida, líderes empresariais e seus conselheiros buscam rapidamente por respostas. Muitas vezes isto começa com colocar a questão da transformação digital na pauta das reuniões, criar forças-tarefa para atacar o problema e até mesmo nomear um responsável pelo processo. Posso dizer, por experiência própria, que não existe bala de prata. São ações interessantes e necessárias, mas longe de serem suficientes.
Foi falando com um de meus sócios que nasceu a ideia para a coluna de hoje. Num determinado contexto, em um conselho de uma dessas empresas, depois que as principais ações foram tomadas, o presidente executivo disse que voltaria a se dedicar ao negócio principal, o “business as usual”, e não participaria mais daquelas discussões. Quando o conselho foi consultado, meu sócio, sabiamente, disse que “era preciso entender que não existe mais o business as usual”.
Artigo publicado originalmente na coluna do Manoel Lemos na edição de 15 de Maio de 2019 do Estadão e republicado aqui com a autorização do mesmo. Clique aqui para ler o artigo original.