Já consultou seu algoritmo hoje?
Programas de computador estão tomando um espaço cada vez maior como orientadores e substitutos de humanos nas mais diversas atividades.
Programas de computador estão tomando um espaço cada vez maior como orientadores e substitutos de humanos nas mais diversas atividades.
Se, por um lado a vida digital democratizou o acesso a informações, encurtou as distâncias e relativizou o tempo, por outro ficamos inundados num mar de informações e com cada vez menos tempo para organizá-las e consumi-las. Como se não bastasse, algumas das atividades que realizamos em nosso dia-a-dia ou em nosso trabalho ficaram mais complexas ou dependentes de profundos conhecimentos técnicos. E, para completar a cena, a busca por escalas cada vez maiores nos negócios — seja em tamanho ou em performance — passaram a exigir uma disponibilidade de recursos humanos em qualidade e quantidade que, ou não podem ser conseguidas, ou não são economicamente viáveis. É neste contexto que os algoritmos, programas de computadores desenhados para executar tarefas específicas, passam a ter um papel cada vez mais presente e importante nos negócios modernos.
Imagine, por exemplo, o desafio de prover aconselhamento financeiro personalizado para milhões de clientes, cada um com característica única quanto a disponibilidade de capital, expectativas dos investimentos, apetite por risco e dedicação à atividade de controlar suas finanças. O ideal seria termos conselheiros financeiros devidamente capacitados, em quantidade suficiente para atender a todos de maneira personalizada e no momento em que desejassem. Mas isto tornaria todo o processo inviável ou extremamente caro e ineficiente. Porém, algoritmos computacionais entram em cena para
resolver esta complicada tarefa. Programas de computadores residentes na nuvem e acessíveis através da Internet podem receber as informações de cada cliente e analisar de maneira ininterrupta e sem perda de produtividade as melhores opções para cada pessoa. Desta maneira qualquer pessoa pode ter acesso a um conselheiro financeiro que oferece um serviço personalizado a qualquer hora do dia.
São inúmeros os exemplos onde este tipo de pensamento está dando origens a uma gama de empresas que democratizam o acesso a serviços que antes eram caros ou inacessíveis. Conselheiros financeiros, preparadores físicos, professores de línguas e até preparação para concursos públicos. Mas não é só quando consultamos aos algoritmos diretamente que eles mostram o seu valor, em outros modelos os algoritmos são consultados por especialistas ou atendentes para agilizar sua vida. E em outros, os algoritmos consultam especialistas para aprimorarem seus resultados. De um modo ou de outro, eles vieram para ficar. É bem provável que você já receba algum tipo de tratamento personalizado algoritmicamente e nem perceba que isto está acontecendo.
A mágica por trás disto e a união de especialistas nos problemas a serem atacados a programadores que dominam as técnicas de aprendizagem de máquina. Aprendizagem de máquina, ou “machine learning” em inglês, é um sub-ramo da inteligência artificial que busca desenvolver algoritmos que permitam aos computadores aprenderem e aperfeiçoarem suas capacidades de executar determinadas tarefas.
Da próxima vez que estiver utilizando algum serviço, pode ser que você esteja sendo atendido por um orientador algorítimico, ou “algovisor” (da fusão das palavras “algorithm” e “advisor” que são algoritmo e orientador em inlgês). Seja escolhendo quais emails você deve ler primeiro em sua caixa postal, qual fundo de investimento deve te ajudar a comprar sua próxima casa mais cedo, qual a seqüência de treino ideal para você conseguir correr a São Silvestre no final deste ano ou qual disciplina você precisa estudar mais para conseguir passar naquele concurso público. Agora, é torcer para que os especialistas e os engenheiros que criaram estes algoritmos tenham se entendido muito bem que nenhum bug venha para atrapalhar a festa. ;-)
Artigo publicado originalmente na edição de Abril de 2012 da Revista INFO e republicado aqui com a permissão da Editora Abril.