Impressora 3D, você ainda vai ter uma!
Imagine se você pudesse fazer o download de uma capa para o seu futuro smartphone antes mesmo dele estar nas lojas? Bom, você pode!
Imagine se você pudesse fazer o download de uma capa para o seu futuro smartphone antes mesmo dele estar nas lojas? Bom, você pode!
O tempo passa realmente muito rapidamente. Já faz um ano que comecei a escrever esta coluna aqui na INFO. Para comemorar nosso aniversário vamos falar um pouco dos impactos causados pela tecnologia que veremos acontecer nas próximas décadas. No mês passado tive a oportunidade de re-encontrar em Nova York um empreendedor chamado Bre Pettis. Eu encontrei o Bre pela primeira vez no começo de 2010 enquanto caminhava por uma feira de startups num antigo prédio da Merrill Lynch também em Nova York. No canto do espaço havia um stand com uma mesa bem bagunçada, cheia de pequenas peças plásticas e uma estranha máquina de madeira em cima dela. Entre
dezenas de startups, só aquela não estava mostrando um nova solução de
geolocalização rodando num iPad ou uma solução de crowdsourcing para algum problema qualquer. Fiquei ali tentando entender o que era a tal máquina e percebi uma figura simpática sentada numa cadeira atrás da mesa. Me aproximei e perguntei o que era aquilo. Foi então que a pessoa se levantou, ligou a máquina e começou a me explicar que aquilo era uma impressora 3D. Aquela era a primeira versão de suas impressoras 3D. O
resultado final não era lá grandes coisas, mas parecia divertido. Dois ano depois, nosso último encontro aconteceu na sede de sua empresa, a MakerBot. Já na entrada me deparei com várias impressoras 3D ligadas e imprimindo os mais diversos objetos.
Conversando rapidamente com Bre ele disse que aquelas eram máquinas da quarta geração, chamadas de Replicator 2, que custavam apenas 2,199 dólares, tinham resolução de 100 microns e que podiam construir objetos de um tamanho razoável. Uau!!!
Fiquei ali brincando com algumas peças e primeira coisa que me veio a mente foi saber se os objetos impressos eram resistentes ou não. Perguntei para ele sobre a resistência do material e ele me deu uma pequena pulseira feita com uma uma única camada de plástico e pediu para eu quebrá-la. Consegui quebrá-la facilmente, mas aquilo era a menor resistência de um objeto impresso em 3D. Outro mais sólidos já eram bastante resistentes. E a precisão era fantástica, até pulseiras de relógio foram impressas durante a conversa. Mas, foi depois de pensar um pouco no passado que a coisa toda ficou mais interessante.
A primeira impressora jato de tinta foi construída em 1976. Porém, a tecnologia só ficou amplamente disponível quando a HP lançou a primeira HP DeskJet em 1988 com preço de aproximadamente 1000 dólares. Dez anos depois, toda casa que eu conhecia tinha um impressora jato de tinta. Foi só ligar os pontos e comecei a imaginar que, dentro de alguns anos, quando minha filha estiver na escola, ao invés de imprimir uma fotografia da
Torre Eiffel para o trabalho da escola, ela irá imprimir uma maquete 3D completa de Paris.
E com um pouco de eletrônica open-source poderemos colocar alguns efeitos de luz e simular os efeitos da torre durante a noite com pequenos LEDs.
Os impactos são gigantescos. Depois da desmaterialização da informação com a chegada dos computadores e da Internet, agora poderemos desmaterializar qualquer coisa numa ponta do mundo e replicá-la na outra. As aplicações para impressão 3D já estão aparecendo nas mais diversas áreas. O exército dos Estados Unidos está enviando várias impressoras 3D para as zonas de guerra para que soluções rápidas possam ser desenvolvidas e implantadas no campo de batalha. Fabricantes de carros de luxo têm utilizado impressão 3D para acelerar o processo de prototipagem de novos modelos e também para criar peças sob medida para o processo de produção. Na medicina, uma senhora de 83 anos recebeu o transplante de uma mandíbula impressa em 3D. E uma
empresa francesa começou a vender capas personalizadas para o iPhone 5 antes mesmo do novo aparelho ser apresentado pela Apple.
E não é só na gringolândia que a impressão 3D está sendo desenvolvida. Aqui no Brasil, um grupo de empreendedores criou a Metamáquina ( http://metamaquina.com.br ), a primeira empresa brasileira dedicada à impressão 3D. Com um projeto baseado em software livre e hardware aberto, eles estão produzindo e vendendo impressoras 3D.
E ai, que tal encomendar uma para o Natal?
Artigo publicado originalmente na edição de Novembro de 2012 da Revista INFO e republicado aqui com a permissão da Editora Abril.