E quando a melhor rede social é aquela que ninguém usa?
A grande crítica ao Google Plus é a de que ninguém visita aquela rede. E se isto for, na realidade, a sua grande vantagem?
A grande crítica ao Google Plus é a de que ninguém visita aquela rede. E se isto for, na realidade, a sua grande vantagem?
Desde que o Google abandonou o Orkut e lançou o Google Plus como sua resposta para o mundo das redes sociais a grande crítica, apesar do número crescente de usuários cadastrados, é a de que aquele destino é uma cidade fantasma. A rede do Google virou o ano com meio bilhão de usuários. Um número bem menor do que os mais de um bilhão de usuários do Facebook. E com um uso ainda menor, mas será que isto importa mesmo?
Em 2009, quando as redes começaram a explodir por aqui fiz uma apresentação no Campus Party onde falei, dentre outras coisas, de três grandes momentos da Internet e associei cada um deles a uma camada de infraestrutura da rede. A primeira era a camada física, cabos, fibras e links que foram instalados no planeta permitindo que computadores pudessem enviar dados de um ponto a outro. A segunda eram os protocolos básicos da Internet como DNS, HTTP e as APIs dos serviços fundamentais como identificação, mensagens, armazenamento, pagamentos, etc. E a terceira, que representava minha visão sobre as redes sociais, era a camada social que começava a ser construída e a fazer sentido com a explosão de serviços como o Twitter e o Facebook. Minha visão era de que redes sociais não eram um produto em si, mas uma funcionalidade. Na realidade, um conjunto de features que constituíam uma camada de serviços sociais que traziam os seres humanos de volta para o centro da rede. A idéia era a de que, tal qual a web que é pervasiva e está em todos os lugares ao mesmo tempo, a camada social, ou as redes sociais, também deveriam estar. E, por fim, as aplicações residiriam em cima de tudo isto oferecendo os mais diferentes serviços para nós, os usuários.
É aqui que temos uma diferença fundamental entre o approach do Google e do Facebook. Enquanto que no Facebook a experiência toda acontece em um único destino, o site e os app do Facebook, no Google a maior parte da experiência acontece nos diferentes serviços que usamos no dia a dia como a busca, o GMail, o YouTube e o Google Docs. Mês passado, durante a apresentação de abertura da Google I/O, a conferência anual para desenvolvedores do Google, Vic Gundotra, o Vice-Presidente de Engenharia do Google, e outros executivos apresentaram várias novidades que o Google estava lançando. Além das melhorias em vários produtos como Google Maps e a plataforma Android, um dos focos foram justamente as novidades no Google Plus. Com várias funcionalidades que pareciam mágica como a melhoria automática de fotos e um layout bem mais moderno, ficou claro que o Google está investindo pesado em sua plataforma social. Porém, o que mais me chamou a atenção foi o que não foi apresentado como uma grande novidade, mas que estava presente em quase todas as outras apresentações: a integração cada vez mais profunda do Google Plus com todos os outros produtos e serviços do Google.
Artigo publicado originalmente na edição de Junho de 2013 da Revista INFO e republicado aqui com a permissão da Editora Abril