É hora do Brasil empreender
As startups que conseguem evoluir em suas jornadas mostram resultados que em nada indicam a existência da dura crise que estamos vivendo
As startups que conseguem evoluir em suas jornadas mostram resultados que em nada indicam a existência da dura crise que estamos vivendo
Já faz quase quatro anos que me tornei sócio da Redpoint eventures, fundo de venture capital focado em empresas de tecnologia brasileiras em estado inicial. De lá para cá avaliamos mais de 4,5 mil startups de todos os segmentos, tamanhos e atacando uma infinidade de problemas reais. Na maioria das vezes, os fundadores destas empresas identificaram algo “quebrado” num grande mercado e passaram a dedicar suas vidas a atacarem aquele problema com muito suor, tecnologia e paixão. Tudo isso durante uma das crises mais duras que o País já enfrentou e vem enfrentando.
Apesar da brutalidade da crise, o que salta aos olhos é o fato de que as startups que conseguem evoluir em suas jornadas mostram resultados que em nada indicam a existência da crise, mas sim de um ecossistema pujante em plena expansão. São empresas que começaram apenas com seus fundadores e alguns poucos colaboradores e que, três ou quatro anos depois, têm 400, 500, mil ou mais funcionários. E que dobram ou triplicam de tamanho a cada ano.
É difícil viver nesse ecossistema e não pensar em como essas empresas transformarão o País e a vida de seus colaboradores e usuários nos próximos anos. O principal ingrediente dessas empresas é o uso de tecnologia de ponta aliada a novos modelos de gestão com foco em resolver problemas de maneira ágil e eficiente. Junte a isso uma paixão pelo problema que estão resolvendo e um senso de propósito bem sólido. Ou seja, tudo o que temos sentido falta em várias de nossas instituições e em grande parte da indústria brasileira.
Os impactos destas empresas são ainda maiores se considerarmos como elas mudam a vida de seus usuários, por meio de financiamentos com juros mais baratos e mais acessíveis ou acesso a serviços de saúde de melhor qualidade. Ou softwares e serviços que permitam que outros negócios funcionem de maneira mais eficiente. Como resultado, pessoas e empresas podem fazer mais e melhor com seus recursos. Novos empregos são gerados e a economia gira melhor.
Claro, vida de empreendedor não seria autêntica sem desafios e dificuldades. Eles tentam resolver problemas que ninguém resolveu antes, com tecnologias que nunca foram testadas e com pouquíssimos recursos. Mas esta é a parte fácil. O complexo é lidar com as camadas infindáveis de burocracia existentes por aqui, com a gigantesca falta de capital para investimento e com uma carga tributária tão grande e complexa que seria digna de filmes de ficção científica. É gritante que precisamos de reformas como nunca.
Espero que nas eleições nossos candidatos se inspirem em nossos empreendedores e acordem todos os dias pensando em resolver problemas como estes e em incentivar o Brasil que dá certo!
Artigo publicado originalmente na coluna do Manoel Lemos na edição de 13 de Junho de 2018 do Estadão e republicado aqui com a autorização do Estadão. Clique aqui para ler o artigo original.